Infografia Interativa: a Casta Jaen

Casta Jaen

Delicadeza Perfumada em Cada Gole

A Jaen é uma das castas tintas mais emblemáticas da Região Demarcada do Dão. Descubra a sua história complexa, o seu caráter subtil e o seu futuro num terroir de eleição.

O Bilhete de Identidade

A identidade da Jaen está repartida pela Península Ibérica. Conhecida como Mencía em Espanha, país onde se afirmou inicialmente, a sua origem genética é absolutamente portuguesa. É também uma princesa incontestada do Dão, local onde a sua expressão típica atinge o auge.

ADN Português

A ciência revelou o que a lenda teimava em esconder. A Jaen nasceu em Portugal de um cruzamento espontâneo entre duas outras castas portuguesas.

Alfrocheiro + Patorra = Jaen

A Casta no Coração do Dão

A Jaen é uma das castas mais plantadas no Dão ao representar 22% da área total de vinha da região.

Linha do Tempo

  • Origem: Cruzamento espontâneo em Portugal.
  • Disseminação: Migração para Espanha, onde adotou o nome 'Mencía'.
  • 1914: Primeiras referências documentais em Portugal.
  • 1980: Tinha apenas 1.101 hectares plantados em Portugal.
  • Hoje: Mais de 3.000 hectares só no Dão, um crescimento exponencial.

Na Vinha

Na vinha, a Jaen revela a sua dualidade: é generosa e produtiva, mas também sensível. O seu ciclo precoce e a sua afinidade com os solos de granito do Dão definem o seu caráter e exigem do viticultor um cuidado constante para extrair a sua elegância.

Ampelografia Interativa

Passe o rato sobre cada elemento para descobrir as suas características.

🍇 Cacho

💧 Bago

🍃 Folha

Passe o rato para ver a descrição.

O Ciclo da Precocidade

A maturação da Jaen é precoce, algo que lhe permite escapar às chuvas de outono. Mas isto também configura um desafio com o aumento das temperaturas globais. O gráfico compara o seu ciclo (em dias) com uma casta de referência (a Castelão).

Na Adega

A Jaen mostra ampla versatilidade na adega. Tradicionalmente usada para amaciar os lotes do Dão, hoje brilha em vinhos monocasta que revelam a essência dos vinhos do Dão, com um perfil sensorial único, marcado pela fruta exuberante e textura inconfundível.

Perfil Sensorial

Eis a impressão digital dos aromas e sabores que definem um vinho Jaen. Veja também esta infografia sobre as castas tintas do Dão.

Lote ou Monocasta?

Escolha uma opção para descobrir o seu papel.

O Equilíbrio Tradicional

No lote clássico do Dão, ao lado da Touriga Nacional, Alfrocheiro e Tinta Roriz, a Jaen é o elemento que traz suavidade. É assim que a usamos na Quinta da Alameda. A sua função é "arredondar" o vinho, com taninos macios e aromas de fruta que equilibram a estrutura e acidez das outras castas.

À Mesa

A elegância e os taninos suaves da Jaen fazem dela a criadora de alguns dos vinhos tintos mais versáteis e gastronómicos de Portugal. Da cozinha regional robusta aos pratos internacionais, a sua companhia à mesa é sempre uma aposta segura.

🍲
Cozinha Regional

A acidez corta a untuosidade de pratos como a Chanfana ou o Cabrito Assado, num equilíbrio perfeito.

🧀
Queijos e Enchidos

Exemplar com a intensidade do Queijo Serra da Estrela e a diversidade dos enchidos da Beira Alta.

🍗
Carnes Brancas

A sua estrutura média e elegância respeitam a delicadeza de um lombo de porco ou de pratos de frango.

🌶️
Cozinha Internacional

Os seus taninos macios não colidem com o picante moderado de pratos mexicanos ou asiáticos.

O Futuro num Clima em Mudança

O futuro da Jaen no Dão é um paradoxo. A sua resistência à seca é uma vantagem, mas a sua maturação precoce e baixa acidez são vulnerabilidades críticas face ao aquecimento global. A sobrevivência da sua elegância depende da sabedoria e adaptação dos viticultores.

Forças

  • Excelente adaptação a climas secos e solos de granito.
  • Reconhecida resistência ao stress hídrico.
  • Perfil aromático e textura sedosa com forte apelo.

Fraquezas

  • Baixa acidez natural, muito vulnerável ao calor.
  • Ciclo de maturação precoce que arrisca a sobrematuração.
  • Suscetibilidade a doenças como o míldio.

Oportunidades

  • Procura global por vinhos mais elegantes e gastronómicos.
  • Exploração da diversidade de clones para encontrar os mais adaptados.
  • Consolidação como casta-bandeira do Dão.

Ameaças

  • Aceleração do ciclo de maturação devido ao aquecimento.
  • Risco de vinhos desequilibrados (alto álcool, baixa acidez).
  • Necessidade de novos investimentos (ex: rega).


Artigo revisto e validado por Patrícia Santos, enóloga da Quinta da Alameda. Formada em Enologia pela UTAD (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, 2001). Com prática aprofundada sob Anselmo Mendes. Ampla experiência profissional nas regiões vitivinícolas do Dão, Bairrada e Beira Interior, bem como em Arribes (Espanha).