Nas margens mais discretas da agricultura portuguesa vivem espécies cujo anonimato contrasta com o seu elevado valor. O humilde mas precioso cardo (Cynara cardunculus) é uma destas espécies: robusta, pródiga, essencial à biodiversidade e identidade cultural do nosso território.
Se muitos o olham somente como uma presença agreste nos campos, alguns outros reconhecem nele um aliado impagável para a ciência, inovação e infraestrutura ecológica. Foi exatamente este reconhecimento que levou a Quinta da Alameda a celebrar um protocolo de colaboração com a Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viseu (IPV). O seu objetivo? Replantar, proteger e estudar um campo de cardo que, de outro modo, poderia ser desaproveitado após 15 anos de aturados esforços no seio do IPV.
Assinado em fevereiro de 2025, o protocolo dará assim desejada continuidade a projetos fundamentais de investigação científica e desenvolvimento tecnológico.
Com este acordo, milhares de cardos serão utilizados e sustentados no âmbito de iniciativas que poderão beneficiar não apenas o setor vitivinícola, mas também uma multiplicidade de outras áreas ligadas à sustentabilidade, à economia circular e à inovação agrícola.
O decurso da investigação científica será guiado pelo IPV. Por seu lado, a Quinta da Alameda disponibilizará recursos humanos, materiais e naturais para que esta investigação sobre o cardo tenha continuidade e resultados concretos ao longo dos anos vindouros.
Ao conceder acesso de estudantes e cientistas a este campo experimental, o protocolo garante ainda a formação de colaboradores, a difusão de conhecimento e a abertura da Quinta da Alameda à investigação aplicada.
Esta parceria configura uma verdadeira simbiose entre uma empresa e uma instituição académica da região, bem como um processo sinergístico entre território, instituições e pessoas.
Na verdade, transcende um mero acordo técnico: constitui, sim, um compromisso com as Terras do Dão, com a preservação da sua biodiversidade e com a procura de soluções mais práticas, mais naturais e mais radicadas nos desafios, recursos e conhecimento da região.
Tantas vezes ignorado, o cardo encontra aqui um espaço de projeção e dignidade. E fiel à sua visão irredutível de inovação e conservação ambiental, a Quinta da Alameda faz questão de agir como guardiã deste património vivo. Estes investimentos no presente são um passo para que todos possamos usufruir de um futuro mais fértil, mais resiliente e mais consonante com o meio natural que nos sustenta.